sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fernanda Montenegro: A Dama do Teatro Brasileiro


Famosidades:


Fernanda Montenegro, 80 anos de uma estrela brasileira



Reprodução/O Globo

Por Renan Botelho
Em 1929 nascia Arlette Pinheiro Esteves da Silva. Ué, mas quem é essa? Calma, apressado leitor, vamos explicar. Filha de uma dona de casa e de um mecânico, com descendências portuguesa e italiana, a menina cresceu e se tornou uma dama das artes cênicas. Conhecida pelo nome artístico, Fernanda Montenegro é a única brasileira que já recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, pelo filme "Central do Brasil" (1999), de Walter Salles.


Nesta sexta-feira (16), ela completa 80 anos com um currículo único no país: 60 anos de teatro e TV, mais de 200 teleteatros, 56 peças, 20 novelas e 16 filmes. Além de acumular uma série de prêmios nacionais e internacionais, como o Urso de Prata, do Festival de Cinema de Berlim.
"Não vamos ser hipócritas. Eu mereço tudo que eu ganhei. Sou boa no que faço", afirmou recentemente, durante mais uma premiação.


E ela tem razão. Fernanda Montenegro conquistou o status de mito, de dama, de célebre, de ídolo... Sua trajetória escreveu um capítulo na história da dramaturgia nacional e após oito décadas vividas, ela não pensa em parar. Em 2010, ela estará na próxima novela de Silvio de Abreu, "Passione", e assim que acabar o folhetim, vai engatar as filmagens do próximo longa de seu filho, Claudio Torres.


Em comemoração ao aniversário, a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo irá lançar no dia 28 de outubro a biografia "Fernanda Montenegro - A Defesa do Mistério", escrita pela jornalista e crítica de cinema Neusa Barbosa, durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
"Nunca pensei em escrever uma autobiografia. Porque é como nas entrevistas: se me perguntam, eu falo, do contrário, me calo", disse. A atriz considera ter tido "uma experiência de vida interessante". E bota interessante nisso.


Por volta dos 15 anos, Fernanda começou a trabalhar como locutora e atriz de rádio-teatro. Logo no início, ela já começou a traduzir e adaptar peças literárias para o formato de radionovelas. "Juntando rádio e TV, fui me entrosando na literatura dramática e aprendendo meu ofício. Por onde a vida foi me levando, eu fui me formando", contou a atriz. "Sou do tempo do ensaiador português, cujo primeiro conselho é: o ator tem de começar aprendendo a ouvir o ponto [o auxiliar de cena que, escondido do público, lembra aos atores suas falas]", completou.
Em 1950 ela fez sua estreia oficial nos palcos, na peça "Alegres Canções nas Montanhas", e foi lá que conheceu Fernando Torres, com quem se casou três anos depois. Da união nasceram a atriz Fernanda Torres e o cineasta Cláudio Torres.


Montenegro se tornou a primeira atriz contratada pela extinta TV Tupi. Atuou ao lado de nomes como Cacilda Becker, Nathalia Timberg, Sergio Britto, Raul Cortez e outros. Em 1964 fez seu primeiro filme, "A Falecida", adaptado da obra de Nelson Rodrigues. A atriz deu sorte para produção, que faturou o Leão de Ouro, como Melhor Filme do Festival de Cinema de Veneza.


Versátil


Conciliando novela, teatro e cinema, Fernanda atuava em todas as áreas com maestria. Em 1982 ganhou os prêmios Molière Especial e de Melhor Atriz pelo desempenho na peça "As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant".


Na televisão, um dos seus papeis mais memoráveis foi em "Guerra dos Sexos" (1983), de Silvio de Abreu, onde atuou ao lado de Paulo Autran. Ela também roubou a cena em "Rainha da Sucata"(1990), "O Dono do Mundo"(1991), "Zazá" (1997), "Belíssima" (2005), entre outras.
Mulher de opiniões fortes, Fernanda critica as atuais novelas. "Às vezes, eu acho que tem um pouco de clipe demais [nas novelas]. Mas vejo que uma pessoa como o João Emanuel Carneiro [roteirista de "A Favorita"] tem tutano, coragem", afirmou.


A lista de filmes também é extensa. Fernanda apareceu nas telonas em sucessos nacionais, como "Eles Não Usam Black-Tie "(1980), "O Auto da Compadecida" (2000), "Redentor" (2004), "Casa de Areia" (2005), onde atuou com a filha Fernanda Torres, e "O Amor nos Tempos do Cólera" (2007).


Sem esquecer "Central do Brasil" (1998), um marco para sua carreira e para o cinema brasileiro. O drama lhe rendeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. "Uma coisa que eu não sou é alienada, portanto, eu sabia que não ganharia nada. Imagina. Eu estar ali já era um fenômeno", declarou.


Pelo mesmo filme, Fernanda ganhou um Urso de Ouro, no Festival de Cinema de Berlim. "Até ali, eu não tinha visto o filme em tela grande. Fui assisti-lo pela primeira vez em tela grande lá, junto com a plateia. E o filme se revelou ali para nós também. Berlim foi um acontecimento", definiu.


Nestes 80 anos, a atriz conquistou o respeito de todos. Mesmo sabendo de sua importância para a cultura brasileira, ela não se ilude com os elogios. "Não tenho nada com essa fantasia de grande dama do teatro. Tenho uma vida de trabalho, ofício. O que possa ter da chamada 'boa imagem' não é para ser uma imagem, é resultado de uma consciência", afirmou.



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