sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

DECIFRA-ME OU DEVORO-TE

Esfinge do Egito


(decifra-me ou devoro-te) 


Esfinge do Egito


Revesti-me de pele e aço. Por ser frágil e eloqüente. Em cada pedaço de pensamento desenhado e materializado pela mente cresce a vontade de me manter sã e protegida. Longe das mãos dos fantasmas expurgados. Longe da busca incessante daqueles cujo desejo é dominar o meu destino. 
Decifrar-me é o mesmo que me destruir. Não importa os riscos os quais eu enfrento. Não importa se me distancio das pessoas queridas. Não importa também os enigmas que proponho. Eu sempre escolho com cuidado calculado qual será o primeiro e o mais adequado ao caso. 

Sou uma mulher. Imponente. Firme. Sensível. Mesmo com as minhas cicatrizes expostas. Adoço a minha feminilidade através de suaves mordidas na fruta do pecado. Graças as minhas asas, eu ganho rápido velocidade e liberdade pelos céus. Faço longos passeios noturnos. Beijo estrelas. Persigo as cadentes e os cometas. E como alguns pássaros, vôo para o norte no inverno. As garras nas patas servem para lembrar-me o quanto sou poderosa. Uma leoa. Com meu forte instinto de luta e de preservação. Pertence exclusivamente a mim o direito de governar o meu universo particular. 

Espanto e apavoro os inimigos. Grito na beirada do abismo, e espero que os ecos os atordoem e os assustem. Recolho os meus disfarces. E continuo na espreita, só observando os próximos movimentos. 

Mas não me exalto. Permaneço calma. Clara. Altiva. Desarmada. Profetizo-me assim até o dia da última chave: a morte. E reservo um prazer especial ao possuir as vítimas que estraçalho. Dependuro as víceras de cada uma delas no varal das emoções adivinhadas. Então a minha alma se torna ainda mais cravejada de novos sabores e de novas descobertas.
 

Esfinge: Monstro fabuloso, leão alado com cabeça e busto humanos, que matava os viajantes quando não decifravam o enigma que ele lhes propunha. Na arte egípcia, estatua de leão deitada com cabeça de homem, de carneiro ou ave de rapina, e que representa uma divindade.
Fig: Pessoa calada, misteriosa, enigmática. Certa borboleta noturna.

Esfinge



Texto de Luciana Oliveria


Fontes
Google Imagens

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