Toda mulher é Bovary, e qualquer homem, por mais moderno ou esperto, repete a máxima do herói sem coração - desejando confusamente a mulher que não existe. Você pode ser uma exceção à regra, mas Jabor se incluirá na teia das mais aturdidas contradições.
Anuncia sem pudores sua fome de beleza em tudo: na vida, na política, no amor, no sexo. Confessa ternuras, invejas. Dirá incessantemente a todas nós: as mulheres precisam do homem impalpável, as mulheres têm uma queda pelo canalha! E será assim, exaltado, rodriguiano, que vai admitir um dos maiores medos: "os abismos das mulheres são venenosos, o seu mistério nos mata".
Ele se diz do tempo em que as namoradas não davam - o que talvez explique a fascinação por meninas que o deixavam arrebatado, e ao mesmo tempo com medo. O amor dos anos 60 imprimiu tardes mágicas em sua memória, como a que nos revela sobre a primeira grande paixão. "Foi um raio de triunfo em minha juventude", define Jabor, ao lembrar a namorada que finalmente dera pra ele, com amor e coragem.
O sexo atrapalha o amor, o sexo invade tudo, é contra a lei, no fundo do abismo - o amor depende de nosso desejo e quer superar a morte, mas tem algo de ridículo, de patético. A percepção de Jabor sobre linhas intangíveis, como a que separa o amor do sexo, costuma ser tão afiada quanto seus discursos anti-Bush.
Com ou sem Osama bin Laden, desafia ele, chega a hora em que o herói se deprime e percebe que também precisa de um ritual de encontro. É para este homem, e principalmente para esta mulher ao lado, que Jabor escreve suas crônicas afetivas.
Isa Pessôa
Texto presente no livro de Arnaldo Jabor "Amor é prosa sexo é poesia - Crônicas afetivas"
Vale a pena ler!
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