segunda-feira, 5 de abril de 2010

Odontologia: História da Odontologia

HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA


No Brasil, no século XVI, a Odontologia era exercida pelos chamados "Sangradores" e por Barbeiros. Estes não possuíam qualquer instrumental ou conhecimento científico sobre o que faziam, ou seja, coisas como higiene, controle de infecção, segurança não existia. deveriam ser fortes, impiedosos, rápidos em suas tarefas e impassíveis. Aprendiam com outros mais experientes e eram de baixo coeficiente intelectual.



Nesta época, os Cirurgiões e Médicos alegavam altos riscos para os pacientes que se submetessem a estas "cirurgias", pois o risco de hemorragia e morte era alto.



Em 1600, a odontologia passou a ser exercida por Cirurgiões e Barbeiros porém sob licença especial do "Cirurgião-Mor". Os que não possuíam licença eram autuados, presos e multados em 3 marcos de ouro (de acordo com a Carta Régia de 25/10/1448, de El-rei D. Afonso , de Portugal). Em 09/11/1629, os Barbeiros e Cirurgiões passaram a fazer exame para realizar suas funções (Carta Régia), sendo a multa para os que retirassem dentes sem licença de 2.000 réis. Para tal, os que se prestavam aos exames tinham que provar que "sangravam" e eram barbeiros por pelos 2 anos.



A extração de dentes, nesta época, era considerada uma cirurgia de pouca importância.



Em 1728, o francês Piérre Fauchard (1678-1761) revolucionou a odontologia com seu livro: Le Chirurgien Dentiste au Traité des Dents". Nele havia inovações de conhecimentos, criação de técnicas e aparelhos. Com isso foi chamado de "O pai da Odontologia Moderna".



Por ocasião da exploração do ouro em Minas Gerais, foi nomeado, pela Casa real Portuguesa, como Cirurgião-Mor deste estado, José S. C. Galhardo, o qual regulamentava os práticos da arte dentária.



Em 1728, foi criada a Real Junta de Proto-Medicato, pela Lei de 17/06 deste ano, em lugar dos físicos e cirurgião-mor. Esta Junta era constituída por: 7 deputados, médicos ou cirurgiões por um período de 3 anos. Caberia a estes o exame e a expedição de cartas e licenciamento das pessoas que iriam trabalhar com a retirada dos dentes.



Eis que surge Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792). Este, após ter aprendido a Odontologia com seu padrinho, Sebastião Ferreira Leitão, "retirava dentes com efeito, com a mais sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo, que pareciam naturais", palavras de Frei Raymundo de Pennaforte, seu confessor.



Os instrumentos desta época eram as chaves de Garangeot (alavancas) e o Pelicano. As obturações eram de chumbo e não se tratavam canais de dentes (eram extraídos). Para se confeccionar próteses, usava-se osso ou marfim que eram amarrados aos dentes que sobrassem. As dentaduras eram esculpidas em osso ou marfim, utilizando-se dentes humanos e de animais, retendo-as a boca por intermédio de molas (modelo europeu), porém no Brasil era tudo muito mais rudimentar.



Em 23/05/1800 cria-se o vocábulo "Dentista". Este foi criado pelo francês Guy Chauliac (1300-1368), termo este que usou em seu livro "Chirurgia Magna"(1363).



Em 07/03/1808, chegava ao Brasil, em Salvador, o príncipe regente D. João VI, sua corte e a nata da sociedade portuguesa. nesta época houve um enorme progresso na Odontologia.



Foi criada a Escola de Cirurgia, no hospital de São José, graças à interferência do Dr. José Correa Picanço, físico e cirurgião-mor. Este licenciou alguns profissionais da corte, 7 negros e escravos.



Casos de traumatismos dentários eram registrados na época em correlação com ditos populares como: "ou casa, ou dente", "ou dente, ou queixo, ou beiço". A inabilidade dos "tira-dentes" era tamanha.



Para evitar tantas reclamações contra os "tira-dentes", o cirurgião-mor determinava em suas cartas que só se poderia retirar dentes com ordem de médico ou cirurgião aprovado e tinha que ser examinado o paciente que se submetesse à extração de dentes.



Em 07/10/1809, a responsabilidade pelo licenciamento da profissão era do físico-mor e do cirurgião-mor, quando foi abolida e Real Junta do Proto-Medicato. O físico-mor, Manoel Vieira da Silva, encarregado do controle do exercício da Medicina e Farmácia e o cirurgião-mor dos exércitos, José Correa Picanço, tinham estes poderes.



Com a Carta de Sangria alguns cirurgiões podiam exercer a profissão e nesta época surge o mestre Domingos, barbeiro popular no bairro da Saúde, no Rio de Janeiro. O negro mestiço exercia sua atividade também na casa dos clientes. Sob o braço levava uma esteira de taboa que servia de cadeira e uma enferrujada chave de Garangeot. Com algumas manobras intempestivas, retirava dentes visinhos aos que deveriam ser extraídos, porém só cobrava pelo dente a ser extraído. Costumava dizer que, se retirasse dentes de crianças, estes deveriam ser jogados no telhado, dizendo-se por 3 vezes: "Mourão, toma teu dente podre e dá cá o meu são".



Aos domingos encontrava-se um crioulo muito habilidoso, que fornecia dentaduras perfeitas para a época e que os clientes poderiam até escolher as que melhor se adaptassem.



Em1820, foi concedida a Carta ao francês Doutor Eugênio Frederico Guertin, diplomado pela Faculdade de Odontologia de Paris e no Brasil atingiu alto conceito. Atendia a maior parte da nobreza, inclusive D. Pedro II e familiares. Publicou, em 1819, "Avisos Tendentes à Conservação dos Dentes e sua Substituição". Esta obra, pelo que se consta, é a 1ª feita no Brasil.



Vários outros dentistas franceses chegavam ao Brasil, trazendo o que havia de melhor na Odontologia mundial.



Nesta época, as dentaduras eram constituídas por 2 fileiras de dentes, feitas de marfim ou adaptadas em base metálica, sendo as arcadas ligadas por molas elásticas.



Após a Independência do Brasil, Gregório Raphael Silva, do Rio de Janeiro, recebeu a primeira "Carta de Dentista"(01/06/1824).



D. Pedro I, em 1828, suprimiu o cargo de cirurgião-mór, sendo as funções deste cargo designadas às Câmaras Municipais e Justiças Ordinárias.



A única obra iconográfica realizada desta época relacionada à Odontologia chamava-se de "Boutiques de Barbarie" e retrata os seguintes dizeres: "barbeiro, cabeleireiro, sangrador e deitão bichas".



A 1ª Escola de Odontologia do mundo foi criada em Beltimore, EUA, por Chaplin Harris com o nome de Colégio de Cirurgia Dentária.



A Cirurgia Buco-maxilar teve como pioneiro o Dentista Português Luiz Antunes de Carvalho, o qual obteve riqueza e notoriedade. Sua propaganda era em versos e prosas, ou seja, o marketing na Odontologia estava despontando. Foi o 1º a receber a carta da Câmara Municipal, o 1º aprovado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e o 1º a se registrar na Junta de Higiene.



Com o tempo, os colegas americanos foram chegando e aos poucos superando os franceses. O pioneiro foi Luiz Burdell, depois Clintin Van Tuy, 1º a utilizar clorofórmio para anestesia, conforme seu livro: "Guia dos dentes Sãos, publicado em 1849.



Em 1850, pelo Decreto Lei 598, é criada a Junta de Higiene Pública tendo como primeiros dentistas a se registrarem: Luiz Antunes Carvalho (1852), Emílio Salvador Ascagne (1859) e Theotônio Borges Diniz (1860). esta junta evoluiu e muito a questão saneadora na Medicina e Odontologia.



Em setembro de 1859 surge a primeira revista odontológica: "Arte Dentária" graças a João Borges Diniz.



Mais dentistas chegavam ao Brasil, muitos fugindo da guerra da Secessão (1861-1865): Samuel I. Rambo, Carlos Koth, Witt Clinton Green...



Muitos brasileiros iam aos EUA se aperfeiçoar já que este país era o líder tecnológico e científico mundial. O primeiro foi Carlos Alonso Hastings, do Rio Grande do Sul, ao retornar modificou o motor Weber-Ferry, que ficou conhecido como motor de Hastings. Depois foi a vez de Fio Alves, RS, irmãos Gastal, de Pelotas...



De acordo com o decreto nº 8024 de 12/03/1881, art. 94 do regulamento para os exames de Medicina diz o seguinte: "Os cirurgiões-dentistas que quiserem se habilitar para o exercício de sua profissão passarão por 2 séries de exames:



1- Anatomia, histologia e higiene, em suas aplicações à arte dentária.

2- Operações e próteses dentárias



Assumindo a direção da Faculdade de Medicina, em 23/02/1880, Visconde de Sabóia resolveu atualizar o ensino, tanto no campo material quanto no científico, encomendando aparelhos e instrumentos dos EUA com o crédito especial concedido na Lei 3141 de 30/10/1882. Foi montado também um laboratório de prótese.



O Cirurgião-Dentista Thomas Gomes dos Santos Filho presta exames e passa em 1º lugar como preparador. A Odontologia Mundial muito deve a este Dentista de personalidade marcante, pois o mesmo descobriu a fórmula de vulcanite. Dessa forma, combateu os preços abusivos.Com um novo texto para o estatuto das Faculdades de Medicina do Império, foi estabelecido que a Odontologia formaria um Curso anexo, com as seguintes disciplinas:



1ª série: Física, Química Mineral, Anatomia Descritiva e Topografia de Cabeça.

2ª série: Histologia Dentária, Fisiologia Dentária, Patologia dentária e Higiene da Boca.

3ª série: Terapêutica Dentária, Cirurgia e Próteses Dentárias.



No Rio de Janeiro, os três primeiros mestres foram: Thomas Gomes dos Santos Filho, Aristides Benício de Sá (1854-1910) e Antônio Gonçalves Pereira da Silva (1851-1916) que prestaram relevantes serviços à Odontologia.



No Brasil, faz parte da História Odontológica, os seguinte dizeres: "MINIMIZAR OS PROBLEMAS DENTÁRIOS E MELHORAR A SAÚDE DENTAL".



De lá pra cá, muito se evoluiu na Odontologia. Novas descobertas em termos de instrumentos e materiais, crendices populares foram eliminadas... e um profissional Dentista hoje, é entendedor de toda a fisiologia do corpo humano, é claro que sua especialidade está em cabeça e pescoço, mas, diferentemente de épocas remotas, hoje é impossível não entender do homem como um todo, pois é comprovado que doenças em outras partes do corpo podem influenciar na saúde da boca e vice-versa.



Hoje em dia, ainda encontramos muitos desdentados no Brasil. O acesso à saúde não é globalizado; há carência de investimentos na Área de Saúde em geral e o acesso a esta pela maioria da população. Cabe aos Cirurgiões-Dentistas levar as informações básicas de saúde e higiene às pessoas para que nosso maior objetivo esteja sempre perto de ser alcançado: "Curar as pessoas".



Por Alexandre Carmelo (05/2003)
Fontes: http://drcarmelo.sites.uol.com.br/historia.htm e http://www.fjodontologia.com/

Visite o site: www.fjodontologia.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, obrigado pela sua visita, espero que tenha gostado do meu Blog e do que encontrou nele e, retorne sempre que quiser, estou esperando você aqui de novo! Que tal deixar um recado!