Doenças e Agravos Não Transmissiveis (DANT)
1 - O que são Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT)?
Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) constituem um grande e heterogêneo grupo de doenças cujo controle é de grande importância para a saúde pública. As DANT são responsáveis por 76% da mortalidade geral, 63% das internações pagas e 73% dos gastos do SUS por internações de indivíduos residentes do município de São Paulo.Do vasto campo das DANT destacamos as seguintes doenças e agravos:
1 - doenças crônicas não transmissíveis, cuja característica mais comum é a ausência de infecção e/ou contágio clássico): doenças cardíacas e cerebrovasculares (acidente vascular cerebral, conhecido popularmente como “derrame”), cânceres, diabetes, hipertensão arterial;
2 – doenças mentais (depressão, síndrome do pânico, neuroses e psicoses, além do uso de álcool e drogas lícitas e ilícitas);
3 – doenças genéticas;
4 – Agravos causados por acidentes e violências, que têm como conseqüência lesões físicas e emocionais além de grande ônus social. Neste extenso grupo estariam inclusos os traumatismos em geral, os acidentes de trabalho e de trânsito e a violência doméstica.
O trabalho da sub-gerência de DANT tem se concentrado nas doenças crônicas não transmissíveis, nas doenças mentais e nos agravos causados por acidentes e violências.
2 - Como se caracterizam estas doenças e agravos?
Estas doenças e agravos se caracterizam por múltiplas causas, longo tempo de evolução, ou são acontecimentos pontuais (acidentes, violência, acidente vascular cerebral), com evolução para óbito, ou recuperação com seqüelas e necessidades de reabilitação e readaptação às novas condições de vida.
As DANT estão diretamente relacionadas à forma como a sociedade está organizada e ao estilo de vida da população. Muitas delas são decorrentes de hábitos não saudáveis, tais como:a) alimentação inadequada ou insuficiente em quantidade e qualidade, uso de alimentos industrializados com substâncias nocivas à saúde (gorduras trans e saturadas, excesso de sal, conservantes, realçadores de sabor), alimentos contaminados com agrotóxicos, etc.b) falta de atividade física (sedentarismo);c) tabagismo, álcool e outras drogas lícitas ou ilícitasPor outro lado, certas condições podem favorecer ainda mais o aparecimento de determinadas doenças e agravos, tais como:
a) condições ambientais: poluição atmosférica, convivência com o estresse urbano, violência, exposição à radiação solar e outros elementos cancerígenos;
b) aspectos sociais: condições econômicas, conflitos pessoais e familiares não resolvidos, discriminação racial, discriminação contra a mulher e outras situações de vulnerabilidade social.
c) aspectos ocupacionais: situações de stress no trabalho, subemprego e desemprego, medo de perder o emprego além de inúmeras situações de sobrecarga.
d) aspectos culturais: ocupação do tempo livre, perda da identidade cultural por determinados grupos (índios, migrantes, etc), atividades de lazer, acesso à educação e a informação além da influência da mídia no comportamento relativo a estilo de vida, hábitos, desejos de consumo etc.
3 - Como esse grupo de doenças e agravos atinge a população e quais as suas conseqüências?
Estas doenças têm repercussões sociais importantes, que variam de leves a muito graves, afetam a qualidade de vida da população e repercutem na economia do país:- têm um custo social, gerando absenteísmo (faltas e queda na produtividade do trabalho);- retirada precoce da força produtiva devido à morte e incapacidade de jovens e adultos por acidentes e violências ou doenças crônicas.- custos elevados com o tratamento, hospitalização e a reabilitação;- diminuição da qualidade de vida em geral, causando dor, limitação física e eventualmente dependência;- aumento de gastos na previdência social.
Principais causas de óbito no município de São Paulo em 2005 na população de maiores de 50 anos:
Entre estas causas, apenas a pneumonia é transmissível, apesar de estar, freqüentemente associada a causas não transmissíveis.
4 - Antigamente a população adoecia e morria mais precocemente e por causas decorrentes de doenças transmissíveis. Por que este quadro mudou e hoje predominam as DANT?
No início do século passado os principais problemas de saúde pública eram as epidemias de doenças transmissíveis, causadas pelas condições em que a população vivia.Durante os processos de industrialização a população rural migrou para os grandes centros urbanos (urbanização). A carência de infra-estrutura e a situação de vida precária, são apontadas como as causas da prevalência das doenças infecto-parasitárias.Para enfrentar esta situação ocorreram campanhas de vacinação, programas de educação sanitária, investimento em saneamento básico, sendo que vários avanços foram conquistados nesta área, tais como, a queda dramática dos casos de poliomielite, a erradicação da varíola, e a queda geral da mortalidade infantil.Paralelamente ocorreram uma série de mudanças na vida da população, capitaneadas pelo acesso a métodos contraceptivos, que resultaram na queda da fecundidade. Hoje nos aproximamos de uma média de dois filhos por mulher em idade fértil; essa nova realidade possibilitou o ingresso maciço da mulher no mercado de trabalho, causando profundas alterações na dinâmica familiar.Os avanços da medicina, da tecnologia, e a queda da mortalidade propiciaram a conquista de um aumento na expectativa de vida da população.Essas mudanças nas condições sociais, econômicas e culturais, são hoje determinantes para a ocorrência de outros tipos de doenças e agravos a saúde, as DANTs que hoje são a principais causas de morbidade e mortalidade da população.
5 – Como fazer a Vigilância de DANT?
A Vigilância de DANT, coleta dados de morbidade (doenças), mortalidade, além de dados sobre fatores de risco e fatores promotores da saúde, Estes dados são submetidos à análise e são propostas medidas para a promoção da saúde, para o controle das doenças e para a reabilitação das seqüelas físicas e emocionais. Ao se atentar para a multiplicidade de fatores que causam doenças e agravos não transmissíveis e para as experiências bem sucedidas realizadas na Europa, na América e no Brasil, o caminho que se delineia para o controle dessas doenças e agravos, aponta para estratégias de Promoção da Saúde através de uma melhoria da qualidade de vida da população.A equipe de Vigilância de DANT do município com base na análise dos dados, nas resoluções do Fórum Municipal de DANT, nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (Estratégia Global para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, Convenção Quadro para o Controle do Tabaco), do Ministério da Saúde, nas Leis do município de São Paulo, e nas atividades de Promoção da Saúde já desenvolvidas pela rede municipal de saúde e outros órgãos municipais vem construindo nos últimos anos a Vigilância em Saúde para as DANT.Este novo olhar agrega não só ações de competência do setor saúde, mas também de outros setores da sociedade (Intersetorialidade) e implica em mudanças nas políticas públicas, no comportamento das pessoas em relação à própria saúde, e no estímulo à implantação de cidades saudáveis.
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