Quando...
Quando a gente ama
arde no fogo, crepita,
deixa secar o mar interior;
sem dó, ouve o desafinar
da música que nos habita.
Quando a gente ama
bebe palavras em saliva quente;
nem se dá conta das estrelas cadentes
do céu da boca.
Quando a gente ama
a gente enlouquece...
A gente só ama, ama, ama...
O leite a ferver e entornar
dos corpos ardentes
sobre a cama...
Quando a gente ama
roça perigos em gozo...
Apossa-se do que não deve...
Na vício da felicidade
corpo e alma experimentam
um gosto de eternidade...
Quando a gente ama
ama o que o outro ama na gente;
não é quando a gente ama
que a gente se ama
completamente?...
Quando a gente ama
trama em nós cegos
que estreitam o peito
entre o prazer e o receio
de que havendo fim
não haja meio de sobreviver...
...
E quando o amor é findo,
de repente, a gente se lembra
que não existiu nesse tempo...
Tira do limbo a própria trama..
dá à luz a dádiva da dúvida...
E rememora, e sofre,
e quer morrer, - matar o que mata! -,
e tem certeza...
Não será capaz de responder
à inquietante pergunta...
Quando a gente ama?...
Ju Rigoni (Anos 70)
Fontes
Google imagens
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