Auxílio-moradia,
um "deslavado jabá"
POR FREDERICO
VASCONCELOS
09/10/14 19:51
Sob o título “Tomara
que Deus não exista“, o artigo a seguir é de autoria do procurador da República
Davy Lincoln Rocha, de Joinville (SC), que manifesta sua discordância sobre a
concessão do auxílio-moradia.
Brasil, um país onde
não apenas o Rei Está nu. Todos os Poderes e Instituiçōes estão nus, e o pior é
que todos perderam a vergonha de andarem nus. E nós, o Procuradores da
República, e eles, os Magistrados, teremos o vergonhoso privilégio de
recebermos R$ 4.300,00 reais de “auxílio moradia”, num país onde a Constituição
Federal determina que o salário mínimo deva ser suficiente para uma vida digna,
incluindo alimentação, transporte, MORADIA, e até LAZER.
A Partir de agora, no
serviço público, nós, Procuradores da República dos Procuradores, e eles, os
Magistrados, teremos a exclusividade de poder conjugar nas primeiras pessoas o
verbo MORAR.
Fica combinado que,
doravante, o resto da choldra do funcionalismo não vai mais “morar”. Eles irão
apenas se “esconder” em algum buraco, pois morar passou a ser privilégio de uma
casta superior. Tomara que Deus não exista…
Penso como seria
complicado, depois de minha morte (e mesmo eu sendo um ser superior, um
Procurador da República, estou certo que a morte virá para todos), ter que
explicar a Deus que esse vergonhoso auxílio-moradia era justo e moral.
Como seria difícil
tentar convencê-Lo (a ele, Deus) que eu, DEFENSOR da Constituição e das Leis,
guardião do princípio da igualdade e baluarte da moralidade, como é que eu,
vestal do templo da Justiça, cheguei a tal ponto, a esse ponto de me deliciar
nesse deslavado jabá chamado auxílio-moradia.
Tomara, mas tomara
mesmo que Deus não exista, porque Ele sabe que eu tenho casa própria, como de
resto têm quase todos os Procuradores e Magistrados e que, no fundo de nossas
consciências, todos nós sabemos, e muito bem, o que estamos prestes a fazer.
Mas, pensando bem, o
Inferno não haverá de ser assim tão desagradável com dizem, pois lá, estarei na
agradável companhia de meus amigos Procuradores, Promotores e Magistrados.
Poderemos passar a
eternidade debatendo intrincadas teses jurídicas sobre igualdade, fraternidade,
justiça, moralidade e quejandos.
Como dizia Nelson
Rodrigues, toda nudez será castigada!
Minha opinião e agradecimento: Parabenizo o escritor Sr. Frederico Vasconcelos pela explicitação do grandioso e verdadeiro texto do Sr. Procurador da República Davy Lincoln Rocha, sobre a vergonha de fazer e receber benefício em um país onde a maior parte do seu povo não são agraciados por tal benefício.
Fonte
http://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2014/10/09/auxilio-moradia-um-deslavado-jaba/